RELATO SOBRE BELCHIOR DE PONTES

Há muitas pessoas que querem saber onde o Padre Belchior de Pontes foi enterrado. Publicamos uma passagem que narra esta parte da sua história, alguns detalhes dos momentos finais da vida deste grande sacerdote de Deus.

 “O padre estava na Fazenda Araçariguama servindo a todos, onde ficou enfermo. Soube uma devota mulher, dos problemas do padre e agradecida ao sumo trabalho que com ela tinha tido, indo todos os sábados confessar e dizer missa à sua capela e movida de compaixão, o levou para sua casa, para que com sua caridade e experiência das ervas medicinais suprisse a falta de médicos que há no lugar.

Mas como não há remédios, quando o mal é de morte, não achava coisa, com que aliviasse o seu enfermo. Passados nestas experiências alguns dias, se determinou ele vir para o Colégio de São Paulo...    

Tanto que chegou ao Colégio, como a enfermidade não dava demoras, se fizeram logo todas as diligências...

Procuravam neste tempo aliviá-lo, mas ele já marcado o dia e a hora do seu feliz trânsito, os desenganava que morria, sinalando a sexta-feira próxima seguinte. Na quinta-feira de manhã tomou o viático, e no mesmo dia, receando os seus superiores que não chegasse à sexta-feira, lhe deram a Santa Unção...

Na sexta-feira o visitou o R.P. Manoel Lopes que então servia de capelão na igreja de Santa Thereza, e por ele mandou dizer a Anastácia do Espirito Santo, que vivia naquele recolhimento que o encomendasse a S. Genoveva, porque pelas três da tarde havia de morrer.   
        

Depositaram o seu corpo na sacristia, para que no dia seguinte, que era sábado, se lhe fizesse o funeral, e lograsse a felicidade de ser enterrado em dia dedicado à Virgem Nossa Senhora, de quem tinha sido também muito devoto.

Da sacristia foi levado pelo corredor da portaria à igreja. Aonde se lhe fez o ofício de corpo presente com a solenidade, e concurso que a terra permitia; e deposto o cadáver na sepultura, o cobriram primeiro de flores, quem tendo vida, tanto soube florescer em virtude e produzir tantos frutos de santidade. Repararam os índios, que abriram a sepultura, em que não acharam nela vestígios de outro cadáver: e como era tão notada a sua pureza, que até estes o veneravam, atribuíam estas circunstâncias a querer Deus que fosse enterrado em terra virgem quem em toda vida soube conservar tão flagrante e preciosa açucena.”

Diante desta narrativa, cabe considerar que Belchior de Pontes está enterrado na Igreja dos Jesuítas do Colégio de São Paulo. Ali estão também as suas alfaias.


Fonte: “A vida do Padre Belchior de Pontes”, Padre Manoel da Fonseca